Muitos são os problemas da região central da cidade do Rio
O Centro da Cidade do Rio de Janeiro vive uma das suas piores fases. Depois de um boom de crescimento com o advento do Porto Maravilha, a região passou por maus bocados nos últimos anos e as conseqüências ruins estão pelas ruas. É nítido.
Muitos imóveis vazios, moradores de rua, insegurança, patrimônio histórico sendo destruído, insegurança para novos investimentos por conta da grave crise econômica são alguns dos problemas mais evidentes.
Segundo a Associação Brasileira de Administradores de Imóveis (ABADI), desde março de 2020, no início da pandemia, até o final do ano passado, 45% das lojas, escritórios e salas comerciais estão vazios. O nível de vacância é tão grande que quase supera o desastre do mercado de escritórios da Barra da Tijuca, onde proprietários chegam a oferecer 4 anos de carência para alugar suas salas.
Há poucos dias, o DIÁRIO DO RIO publicou uma matéria sobre os imóveis vazios do Centro da Cidade. “O Centro do Rio tem um enorme número de funcionários públicos, municipais, estaduais e federais. A maioria deles está ainda em home-office, e isto diminui drasticamente o tráfego e o número de consumidores, sem contar a ausência de grande parte dos trabalhadores de empresas privadas”, disse Lucio Pinheiro, Diretor de Locações da Sergio Castro Imóveis.
Embora estejam acontecendo ações para solucionar o problema, o número de pessoas morando nas ruas é muito grande. Esse é outro ponto que vai precisar de ações mais eficazes do Poder Público. Bem como a questão da segurança. Os furtos e outros crimes ainda preocupam na região, como mostramos nessa matéria do final de janeiro.
Os danos ao patrimônio histórico também são uma infeliz e constante realidade. O DIÁRIO DO RIO relata constantemente roubos de estátuas, por exemplo. Algumas até bem grandes.
“A causa principal da crise do Centro do Rio não é a pandemia e sim a desordem pública, na falta de conservação, na crise econômica aguda, enfrentada pela cidade há mais de cinco anos. Só com a presença do Estado, segurança e ordem pública é que as pessoas vão querer vir morar e trabalhar nessa região, que é o coração cultural do país”, afirma o empresário do ramo imobiliário Claudio Castro, que sugeriu que a Prefeitura carioca crie um gabinete de crise e promova a interação com os agentes econômicos que acreditam no desenvolvimento da região.
No último dia 26 de janeiro, o prefeito Eduardo Paes lançou o plano Reviver Centro, que visa estimular a recuperação social, econômica e urbanística do Centro do Rio através da permissão de novos usos para fomentar a construção de novas moradias e, também, o retrofit de prédios comerciais, transformando-os em edifícios residenciais ou mistos.
Um dado importante e desconhecido de muitos é que os prédios comerciais moderníssimos que foram erguidos na região do Porto Maravilha, principalmente entre a Cidade do Samba e a Avenida Rio Branco, já estão praticamente todos alugados. A ocupação de prédios como o Aqwa e o Vista Guanabara chega aos 90%, o que mostra a preferência das empresas que buscam maiores espaços pela região do Porto e pelos prédios mais novos.
Ainda em clima de Carnaval, a luta inicial é para que o Centro agonize, mas não morra, assim como o samba.
Diário do Rio